Pesquisando a dança


Benefícios da Dança de Salão
Se praticada com regularidade, a dança de salão é um ótimo exercício físico. A dança de 
salão consegue reunir características que nenhum outro exercício consegue com tanta eficá-
cia e promove, até certo ponto, uma melhoria global no indivíduo – trabalha psicologicamente
fisicamente e socialmente.
Veja os benefícios que a dança de salão pode lhe proporcionar:
Reduz o estresse. Quando você dança, você se esquece de todos os problemas e relaxa. Todo 
mundo fica no maior alto astral;
Aumenta a energia. Quando você pratica a dança de salão você fica no maior pique e animação 
para um monte de outras coisas;
Melhora o tônus muscular. Embora a dança de salão não trabalhe tão intensamente como a mus-
culação, ela pode realmente fortalecer os músculos, especialmente a parte traseira das coxas e os
glúteos;
Contribui para o controle de peso. Se você está com alguns quilinhos acima do peso, porque não 

perdê-los de forma divertida?
Excelente exercício cardiovascular;
Fortalece os ossos de suas pernas e quadris;
Aumenta o equilíbrio e a coordenação motora. A dança é movimento. Desenvolve a consciência
de como o corpo se move e como funciona o seu controle corporal. A dança desafia a percepção 
espacial e do outro, que está envolvido na dança;
Desenvolve o sistema circulatório;
Melhora a capacidade mental. Pesquisadores apontaram que a dança de salão pode ser excelente

para evitar e reabilitar pessoas com Alzheimer;
Aumenta a confiança pessoal;
Contribui para a boa postura e alinhamento corporal;
Desenvolve o controle pessoal;
Contribui para a interação social. O indivíduo na dança precisa aprender a interagir com outras 

pessoas e isso não fica apenas restrito ao espaço da dança. O sujeito depois de algum tempo passa
a se relacionar melhor com todos. Uma ótima alternativa para vencer a timidez.
 Diverte. Mesmo se a pessoa estiver cansada, a dança é uma atividade divertida. A pessoa pode 

estar com baixo astral ou triste e quando dança “os males espanta”.
A dança de salão favorece a saúde mental, emocional e física. Você aprende algo novo e estimulan
te, que é muito melhor que ficar em frente da televisão.
                                                
Dançar faz bem ao coração!
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TERAPIA E PSICOLOGIA DA DANÇA

Embora o conceito de cura não seja genuinamente junguiano, Jung tem algo especial a dizer sobre a
compreensão aprofundada de terapia e cura. Para o processo psíquico de cura, a relação confiança entre
paciente e terapeuta (transferência) é tão fundamental quanto um acontecimento trans-pessoal em que a
pessoa neurótica e inibida encontra novamente o contato com suas raízes e vivencia as forças curadoras
das imagens arquetípicas. Com o auxílio do terapeuta, de sua intuição e suas interpretações, torna-se
possível para o paciente lidar com seus sentimentos amedrontados e complexos traumáticos, revitalizan
do-os e ordenando sua psicodinâmica. Nesse processo de múltiplos níveis, o terapeuta não deve impor
ao paciente suas convicções e seus propósitos de cura, mas sim observar e aceitar as possibilidades que
tem o paciente de se desenvolver. No processo de restabelecimento e cura, as imagens arquetípicas e re-
presentações mitológicas conseguem colocar “a parte mais interior do ser humano para vibrar”, a fim de
integrar as forças curadoras das profundezas da psique. Importante para o processo de totalização psíqui
ca é que as chamadas energias vitais não sejam apenas percebidas e aceitas, mas que conduzam também
à transformação fundamental da vida. Quando o paciente, após longo esforço, encontra e reconhece o
sentido oculto de um sintoma neurótico, este se torna ultrapassado e sem sentido. Para o processo de res
tabelecimento, as imagens, os símbolos e as representações míticas também são importantes, pois ligam às profunde
-zas psíquicas e possibilitam, com isso, uma nova orientação.

Assim, com embasamento na teoria junguiana, a dançaterapia define-se como uma terapia que utiliza os
movimentos corporais e a dança como um processo de integração psíquica. Busca reverter à situação di-
cotômica entre mente e corpo, trabalhando a imagem corpórea do indivíduo em sua totalidade, conside-
rando o sentimento como motivador, a mente como organizadora e o corpo como reflexo de diferentes
emoções e sensações.

No trabalho de dançaterapia, elementos básicos de dança são utilizados livres de técnicas rígidas e movi-
mentos formatados. A expressão criativa da dança tem efeito terapêutico provocando sensibilização, rea-
ções e questionamentos nos praticantes. Em dançaterapia os movimentos autênticos do praticante são a
comunicação entre o terapeuta e o paciente. A observação destes movimentos e sua significação são o
objeto principal do processo terapêutico.

A dançaterapia não deve ser tratada apenas como uma forma de tratamento para pessoas doentes a ser
trabalhada em clínicas psiquiátricas, mas também tem se revelado como uma terapia de prevenção para
todas as idades e aplicável em diferentes processos de intervenção, que busca o crescimento pessoal, au-
to- estima e melhora de qualidade de vida.

Helmut HARK, Léxico dos conceitos junguianos fundamentais, p.42.

Maria FUX, Dançaterapia.

Maria FUX, Dança, experiência de vida.
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A DANÇA NA LINGUAGEM SIMBÓLICA

A dança é celebração, “a dança é linguagem”. Linguagem para aquém da palavra: as danças de corteja-
mento dos pássaros o demonstram. Linguagem para além a palavra: porque onde as palavras já não bas-
tam, o homem apela para a dança.

O que é essa febre, capaz de apoderar-se de uma criatura e de agitá-la até o frenesi, senão a manifestação
muitas vezes explosiva, do Instinto da Vida, que só aspira rejeitar toda a dualidade do temporal para re-
encontrar, de um salto, a unidade primeira, em que corpos e almas, criador e criação, visível e invisível 
se encontram e se soldam, fora do tempo, num só 
êxtase. A dança clama pela identificação com o imperecível; celebra-o.

Tal é a dança do rei Davi diante da Arca, ou a que encantava e arrastava num turbilhão sem fim Meviana
 D’jellal ed’din Rumi, o fundador da confraria dos dervixes rodopiantes (mawala-wiyya), e um dos ma-
iores poetas líricos de todos os tempos. Tais são também todas as danças principiativas, todas as danças 
qualificadas como sagradas.

Mas tais são, ainda, na vida dita profana, todas as danças, populares ou eruditas, elaboradas ou de impro-
visação, individuais ou coletivas, as quais, em maior ou menor grau, busca uma libertação no êxtase, 
quer ela se limite ao corpo, quer seja mais sublimada – na medida em que se admita que haja grau, mo
dos e medidas de êxtase.

O ordenamento da dança, seu ritmo, representa a escala pela qual se realiza e completa à libertação. Não
há melhor exemplo que os xamãs, pois eles mesmos confessam que é com a dança, acompanhada pelo 
seu tambor, que se consuma a sua ascensão para o mundo dos espíritos. Da Grécia e de seus mistérios, 
da África, pátria dos orixás e do vodu, ao xamanismo siberiano e americano, e até nas danças livres do 
nosso tempo, por toda parte o homem exprime pela dança a mesma necessidade de livrar-se do perecível
 As numerosas danças rituais para pedir chuva não diferem, nesse sentido, de nenhuma maneira, da mais
trivial dança amorosa, e a extenuante dança do Sol, dos índios as Pradarias norte-americanas, bem como
 as danças de luto da China antiga, põem à prova a alma, procuram fortificá-la e conduzi-la pela senda 
invisível que leva do perecível ao imperecível. Porque se a dança é provação fervente, e prece, ela é tam-
bém teatro.

Seria possível arrolar mil exemplos: o das danças de possessão, como as que se vêem no vodu do Haiti,
mostra que esse teatro, essencialmente simbolista, tem também virtudes curativas. É essa, sem dúvida, 
a razão pela qual a medicina descobre – ou redescobre – uma terapêutica da dança, que as culturas conhe-
cidas como animistas nunca deixaram de aplicar.

Na Índia, o protótipo da dança cósmica é o tandava de Xivanataraja. Inscrita num círculo de chamas, 
essa dança simboliza ao mesmo tempo a criação e a pacificação, a destruição e a conservação. Simboli-
za, igualmente, a experiência do Yogin. Por outro lado, o Buda Amogasiddhi, senhor do movimento vi-
tal, criador, intelectual, leva, no budismo tântrico, o nome de Senhor da Dança.

As danças rituais da Índia fazem intervir todas as partes do corpo, em gestos que simbolizam estados 
d’alma distintos: mãos, unhas, globos oculares, nariz, lábios, braços, pernas, pés, ancas, que se mobilizam
em meio a uma exibição de sedas e de cores, ou, por vezes, numa quase nudez.

Todas essas figuras exprimem e pedem uma espécie de fusão num mesmo movimento estético, emotivo, 
erótico, religioso ou místico, que é como uma volta ao Ser único de onde tudo emana, para onde tudo re-
torna, por um ir e vir incessante da Energia vital.

Nas tradições chinesas, a dança, ligada ao ritmo dos números, permite organizar o mundo. Ela pacifica 
os animais selvagens, estabelece a harmonia entre o Céu e a Terra. É dança de Yu-o-Grande que põe fim
ao transbordamento das águas, à superabundância do yin. O sinal wu, que exprime a não-manifestação, 
a destruição teria tido, segundo alguns exegetas, o sentido primitivo de dançar.

Na África, onde a dança é, mais que no resto do mundo, extroversão, ela constitui, segundo o padre 
Mveng, a forma mais dramática da expressão cultural, porque é a única em que o homem, em sua recu-
sa ao determinismo da natureza, se deseja, não só simplesmente liberado, mas liberado inclusive de seus
limites. É por isso, de acordo com o autor, que a dança é a única expressão mística da religião africana.

No Egito, onde as danças eram tão múltiplas quanto elaboradas, elas traduziam, segundo Luciano, em 
movimentos expressivos, os mais misteriosos dogmas da religião, os mitos de Ápis e de Osíris, as trans-
formações dos deuses em animais, e, acima de tudo, os seus amores.

Jean CHEVALIER & Alain GHEERBRANT, Dicionário de Símbolos, p.319.
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Os benefícios da dança para as crianças
 
Dançar, além de ser divertido, é também uma forma de extravasar energia e melhorar o bem-estar. Para as crianças é uma atividade ideal devido aos diversos benefícios. "A dança ajuda as crianças a melhorar a coordenação motora e trabalha a disciplina, já que desde pequenas elas aprendem como se comportar durante as aulas. É necessária muita dedicação e agilidade para aprender as sequências. Além disso, favorece aspectos como criatividade, musicalidade e trabalho em grupo, já que na hora de dançar todas as crianças devem repetir os mesmos movimentos e ajudar umas às outras", afirma Natália Camoleze, jornalista, bailarina e professora de balé e jazz.
"A dança traz benefícios para os pequenos tanto na parte psicológica como na física e cognitiva. Melhora a coordenação motora e a noção espacial, além de queimar calorias. Esta atividade estimula o desenvolvimento intelectual da criança, desenvolve a lateralidade, que é a capacidade de entender os lados do corpo como direito e esquerdo, e ajuda na musicalidade, ritmo, memória e expressão", explica Cristiane Ferreira, psicopedagoga com formação em dança.

A dança facilita não apenas a expressão corporal, como também a forma da criança interagir e se expressar com as pessoas ao seu redor. "Na dança é necessária total interação com as outras crianças para aprender novos exercícios e dançar de maneira adequada", avisa Natália. "A dança traz benefícios principalmente para as crianças tímidas, pois elas vão ter que lidar com plateia e a atividade tira o bloqueio de falar na frente das pessoas, além de ser uma forma de expressar os sentimentos", analisa Cristiane.
"Mas a criança tímida só pode participar de apresentações de dança de forma gradual. Primeiro entre os amiguinhos, depois para os familiares", esclarece a psicopedagoga. "No palco criamos personagens na hora da dança, que podem transformar as pessoas, ajudando a diminuir a timidez e a criança pode se soltar mais nas aulas e nos palcos", conta a bailarina.

Dançar também é uma ótima atividade para as crianças que estão acima do peso. "Acredito que a dança é uma forma de perder peso de maneira alegre. Na dança os pequenos aprendem algo novo e sempre há um desafio a cada aula que estimula cada vez mais a perder peso de uma maneira prazerosa", comenta Natália. "Nos casos de obesidade infantil é recomendado consultar um médico, que vai avaliar o estado da criança e explicar se há alguma contraindicação", aconselha Cristiane.

Para os pequenos mais agitados a dança pode ser uma forma de extravasar as energias. "A dança é uma atividade que requer muita concentração, agilidade e dedicação e para as crianças agitadas é ótimo", explica Natália. "Mas é importante procurar saber o porquê dessa agitação do seu filho para direcionar à dança mais adequada. A atividade ajuda a equilibrar e descarregar as energias", afirma Cristiane.
Além desses benefícios, a dança também pode melhorar o desempenho escolar das crianças. "Para dançar, elas vão usar diversas habilidades, como a concentração, capacidade intelectual e terão maior percepção de si e dos coleguinhas. Isso tudo vai ajudar os pequenos a ter mais atenção para memorizar e escutar seus professores na sala de aula", defende a psicopedagoga.
"Em uma aula de dança é necessário acima de tudo disciplina, o que ajuda a melhorar o desempenho da criança na escola. Em cada aula ela aprende um exercício novo, o que requer dedicação e concentração. Dessa forma ela exercita os pensamentos. Na hora do estudo tudo isso favorece para compreender o que o professor explica", conta Natália.

Nas escolas de dança é possível encontrar os mais diversos tipos de modalidade, inclusive é até difícil escolher a melhor aula para seu filho. Por isso, siga as indicações das especialistas. "As crianças devem começar na dança entre três e quatro anos, no que chamamos de baby class. Lá irá aprender os passos de uma forma lúdica e dinâmica para que as aulas se tornem prazerosas", explica a bailarina Natália. "A partir desta idade os pequenos possuem mais entendimento e conseguem realizar os passos. Porém, é interessante a criança começar a dançar em casa mesmo quando ela for mais nova e já conseguir ficar em pé sozinha", recomenda a psicopedagoga Cristiane.
"No ballet clássico a criança pode começar entre três e quatro anos, mas outros estilos de dança só a partir dos dez anos. Os responsáveis devem tomar cuidado com os estilos de dança que o filho irá fazer, pois alguns são voltados para adolescentes. Por isso é necessário sempre procurar especialistas sérios para iniciar o pequeno na dança", aconselha Natália. "Entre as danças recomendadas além do balé clássico estão as livres, as criativas e as folclóricas. Meninos e meninas podem fazer as mesmas danças", avisa Cristiane. "O ballet clássico é interessante para meninos e meninas, pois nele está a base para que no futuro eles aprendam outros tipos de dança", afirma Natália.

Mas escolher a escolinha de dança para matricular seu filho exige cuidados especiais. "Em algumas escolas os professores apenas juntam todos os alunos da escola sem separar por nível ou idade para dar aula. Às vezes os professores nem são preparados e dão qualquer aula que pode machucar a criança. O importante é saber se a escola já é conceituada e se tem um bom trabalho. É bom que os pais assistam a uma aula para saber como funciona e se as turmas são separadas por idade. É complicado dar aula para uma criança de cinco anos e para uma de dez juntas, pois a dinâmica é diferente. Os pais, portanto, devem avaliar a escola e pesquisar trabalhos já apresentados para ter certeza que seus filhos estão em boas mãos", alerta Natália.

"Os pais devem buscar referências da escola de dança com os amigos e conhecidos, além de se informarem sobre o currículo do professor e assistir a uma aula para ver como as crianças são tratadas. É importante observar se o professor não é muito rígido com os pequenos, pois a aula precisa ser prazerosa e não uma tortura. Além disso, verifique se a escola tem autorização da prefeitura para funcionar e se os professores possuem a formação necessária", ressalta Cristiane.


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HISTÓRICO E MODALIDADES DA DANÇA

Aparentada aos gestos mais elementares da vida, a dança primitiva logo forjou seus ritmos e seus ritos. 
Dançar era, ao mesmo tempo, viver, transcender o cotidiano, iniciar-se nos mistérios da vida, da morte, 
da fertilidade. Leitmotiv mágico, depois frase cuja eloqüência se diversificou pouco a pouco, a dança 
enriqueceu-se de fórmulas, de construções que se tornaram passos tão numerosos quanto às palavras, 
encadeando-se, traduzindo situações, estados de alma. Utilizando as palavras, depois as batidas de mãos
 e de pés como acompanhamento, a dança apoderou-se, em seguida, da música.

Esta união foi tão perfeita que se tornou agradável para o homem participar dessa harmonia sozinho, 
com uma parceria ou mesmo em grupo. A dança de sociedade ou de salão e a dança teatral iriam se dife-
renciar rapidamente. As danças de sociedade (pavana, chacona, minueto, valsa, tango), populares e no-
bres conheceriam vogas mais ou menos longas. A dança teatral – inicialmente dança de corte executada
em um palco, com a finalidade de divertir – logo teve que se sujeitar a regras severas; os primeiros mes-
tres começaram a impor normas rígidas a partir do séc. XIV.

Mas as verdadeiras regras só apareceram no séc. XVII. (Beauchamp foi o primeiro a codificar as posi-
ções fundamentais dos pés). Mais tarde (1700) , Feuillet tornou suas as primeiras definições de Beau-
champ. Entre 1820 e 1830, Carlo Blasis deu à dança seus fundamentos decisivos. Antes dele, Jean 
Georges Noverre estudou os múltiplos problemas colocados pela dança e pelo balé em suas famosas 
Cartas (1760) . Expressividade ou virtuosidade, narração ou abstração, a dança pode ser por si só ex-
pressão teatral e manifestação artística, Herança do Romantismo. A Sílfide e Giselle, balés brancos, ba-
seados em argumentos ingênuos, ainda tocam o coração do público. Os balés abstratos de Balanchine, 
rquitetura de corpos e de linhas, seduziram o olhar e o espírito.

Recusando as convocações arbitrárias da dança de escola, Isadora Duncam, com suas improvisações de 
“dança livre”, teve sensível influência sobre Michal Fokine, que expôs seus grandes princípios sobre a 
dança em carta endereçada ao Times em 1914. A grande onda expressionista tomou conta dos Estados 
Unidos mais ou menos no mesmo momento em que os Balés Russos de Serge de Diaghilev, após um 
período de apatia no balé clássico, devolviam à dança um lugar primordial no cenário europeu.

O período entre duas guerras mundiais conheceu grandes momentos; enquanto os russos faziam escola, 
abriam-se numerosas escolas de dança em todos os lugares do mundo; nos Estados Unidos afirmava-se 
uma nova corrente – a dança moderna – que teve como iniciadores Martha Graham, Ruth Saint Denis, 
Doris Humphrey e Agnés de Mille.

O ensino da dança, em muitos países (inclusive o Brasil ), é ministrado em escolas oficiais ou privadas.

A dança de salão, Na Idade Média, a Igreja perseguia, excomungava e considerava malditos dançarinos,
 músicas e festas pagãs, embora permitisse cânticos e outras manifestações que louvassem o Criador. 
Entretanto, em festivais cristãos, alguns homens e mulheres começavam a dançar “de maneira irresistí-
vel”, apesar das sanções religiosas. Com o Renascimento, reapareceram, na Itália, algumas formas de 
cultura pagã, inclusive o baile de máscaras. Importadas pela França, as danças eram depois reexportadas
de forma elaborada e estilizada, voltando freqüentemente ao país de origem praticamente irreconhecí-
veis. As danças francesas mais antigas e que guardam relação com manifestações posteriores são, prova-
velmente, as danças baixas a as danças altas, do séc. XVI. A primeira, grave e solene, era dançada num 
compasso semelhante ao dos salmos religiosos; as segundas, ou balladines, de passo saltitante, eram 
praticadas quase que exclusivamente por saltimbancos e camponeses. A gaillarde e a volta foram intro-
duzidas na França por Catarina de Médicis (meados do séc. XVI), no mesmo período em que era dança-
da a branle, o que permitia uma quantidade ilimitada de variações. A dança mais famosa do séc. XVII 
foi a pavana, de origem espanhola, seguida da sarabanda, que não sobreviveu ao séc. XVII; a courante, 
dançada na ponta dos pés, levemente saltitante e com muitas mesuras, predominou durante o reinado de
 Luís XIV. Porém, a dança que os franceses levaram à perfeição foi o minueto, que se originou de uma 
dança rústica (a branle de Poitou); chegando a Paris em 1650, foi musicada pela primeira vez por Luli. 
Enquanto dança popular, o minueto era alegre e vivo. Ao ser levado para corte, tornou-se mais grave e 
elaborado. A gavota, que muitas vezes foi dançada como uma continuação do minueto, também era ori-
ginalmente uma dança de camponeses (dance de gavots), e consistia basicamente de beijos e cabriolas. 
Nas cortes do séc. XVIII, os beijos foram substituídos por buquês de flores; logo a seguir, a gavota pas-
saria para o palco e nunca mais retornaria aos salões. A écossaise e o galope (importado da Alemanha) 
forma formas muito populares no fim do séc. XVIII, período em que a valsa, que seria a “febre” dos sa-
lões do séc. XIX, dava seus primeiros passos. Na Inglaterra, porém, ela só foi permitida a partir de 1812,
 e seria proibida na Prússia durante o reinado de Guilherme II (1840-1849). Na valsa, o cavalheiro levan-
tava a cauda do vestido da dama, para que durante os volteios ela não pisasse nem tropeçasse, e o par, 
dançando muito próximo um do outro, girava freneticamente pelo salão. No final do séc XIX, a França 
produzia sua própria versão, a valsa francesa, enquanto os americanos desenvolviam uma forma mais 
lenta: o Boston. Ainda a partir da valsa extraíram-se algumas variações: o shottische e o two-steps; a for-
ma clássica da valsa era chamada de valsa vienense. Rival desta última, a polca foi um dos ritmos favori-
tos do séc. XIX. A mazurca, uma dança coral em roda do séc. XIX, caracterizava-se pela forte batida dos
pés no chão.

A partir de 1910, porém, iniciou-se uma nova era para a dança de salão; a América foi quem liderou a 
transformação; o jazz e os ritmos afro-americanos iriam influenciar as formas de dança. Inspirado na 
habanera, o chamado tango “argentino” impôs-se como uma das danças favoritas dessa década e das 
que se seguiram. Nos EUA, o casal Irene e Veron Castle adaptaram o ritmo do jazz a uma refinada dan-
ça de salão, o castle-walk, dançada em largas passadas, com o cavalheiro conduzindo a dama ao redor 
do salão. Esse casal também introduziu o tango e o maxixe (de origem brasileira) no EUA. Entre 1915
e 1935, com exceção do tango e do charleston (surgido em meados da década de 20), nenhuma dança 
permaneceu em voga por muito tempo. Em 1925, Arthur Murray padronizou a dança de salão moderna,
 simplificando-a e introduzindo seis passos fundamentais. A partir dos anos 30, o swing e o jitterburg 
fizeram sucesso, juntamente com o fox-trot. Entre 1930 e 1950, as danças latinas popularizaram-se no 
mundo inteiro: primeiro o mambo, a rumba e a conga;

Na década de 50, surgiram o merengue, o calipso e o tchá-tchá-tchá. Por volta de 1950, explodiu o rock-
and-roll; no início da década de 60 foi a vez do twist e do hully-gully.

A seguir apareceu o iê-iê-iê, dança que separou completamente os pares, podendo ser praticada indife-
rentemente por uma só pessoa, por dois homens, duas mulheres, um casal ou mesmo um grupo. Dança 
de movimentos improvisados, na qual os gestos de cada um independem do outro parceiro, tornou-se a 
forma preferida das jovens gerações desde meados da década de 60.

A Dança Moderna foi a dança livre de Isadora Dulcan, instintiva, semelhante à antiga dança grega, que 
reestruturou o rigor e a inexpressividade da dança de escola. Rejeitando roupas apertadas e calçados, 
Isadora Duncan dançava de túnica e descalça. O prestígio dos trabalhos de F. Delsxarte e de E. Jaques-
Delcroze e o sentido rítmico deste último chegaram aos Estados Unidos por intermédio da norte-ameri-
cana Ruth Saint Denis, que criou um estilo de dança livre, em que a poesia e o sacro se misturavam. 
Com o dançarino Ted Shawn, ela fundou a Denishawn School, primeira matriz do que passaria a ser 
chamada de “dança moderna”.

A dança folclórica, realizada dentro de casa, nos terreiros ou praças, com diversas funções: homenagear,
 pedir favores ou agradar as forças espirituais, comemorar datas religiosas, vitórias, caçadas, pescas, etc.
 Indígenas, africanos e portugueses, três povos bailadores, são responsáveis pelo grande número das 
danças folclóricas brasileiras, denominadas, por Mário de Andrade, danças dramáticas, e por alguns fol-
cloristas, folguedos e autos. Não há um nome genérico de origem popular que engloba todas as modali-
dades; as denominações mais gerais permitem apenas a divisão de algumas delas em três grupos bailes 
pastoris, cheganças e reisados. Embora muitas danças se realizam em datas católicas, em todas se mistu-
ram tradições ibéricas, africanas e ameríndias, o que lhes dá um caráter exclusivamente brasileiro: dan-
ça-de-velhos, dança-dos-pajés, dança-dos-quatis, dança-do-peixe, dança-do-tambor, dança-do-tipiti, 
dança-de-cupido, dança-de-São-Gonçalo, dança-do-Espontão, etc. 

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DANÇA: SIMBOLISMO NAS ARTES PLÁSTICAS

A dança é a arte de movimento humano, plástico-rítmica, abstrata ou expressiva, realizada individual ou coletivamente. É toda a moção que transcende em sua natureza a ordem humana e terrena. Toda dança é e proporciona êxtase.

Possui, a dança três aspectos: o dinâmico, o plástico e o rítmico, ou de movimento, o da composição de linhas e formas e o da medida em que esses movimentos e formas são executados no tempo. É uma arte de convenções e se manifesta por meio de um vocabulário tradicional ou improvisado. É produzida e limitada por seu instrumento: o corpo humano. Sua perfeição depende da harmonia entre seus elementos básicos e da técnica com que é executada. Seu ritmo lhe é imanente e próprio: ela, em sua essência, prescinde de acompanhamento musical – se bem que o utilize, desde o bater de palmas até as complexas orquestras. Kurt Sachs, em sua História Universal da Dança, diz: “A Dança é a Mãe das Artes. A música e a poesia existem no tempo; a pintura e a escultura no espaço. O criador e a criação, o artista e sua obra, nela são uma coisa única e idêntica. Os desenhos rítmicos do movimento, o sentido plástico do espaço, a representação animada de um mundo visto e imaginado, tudo isto é criado pelo homem com seu próprio corpo por meio da Dança, antes de utilizar a substância, a pedra e a palavra para destiná-las à manifestação de suas experiências exteriores”.

Na explanação sobre a presença e a natureza do simbolismo nas artes plásticas em relação aos símbolos sagrados: a pedra e o animal, diz Jung : “A animação da pedra é explicada como: a projeção de um conteúdo mais ou menos preciso do inconsciente sobre a pedra”.

“As mais interessantes figuras pintadas nas cavernas são as de seres semi-humanos disfarçados em animais, por vezes encontrados ao lado da imagem do animal verdadeiro. Na caverna de Trois Frères, na França, vê-se um homem envolto por uma pele de animal tocando uma flauta primitiva, como se quisesse enfeitiçar os bichos. Na mesma caverna existe a pintura de um ser humano quedança, com chifres de veado, cabeça de cavalo e patas de urso. Este personagem, dominando uma massa de algumas centenas de animais, é, sem dúvida, o ‘Rei os Animais’”.

“Um chefe primitivo não se disfarça apenas de animal; quando aparece nos ritos de iniciação inteiramente vestido com sua roupa de animal, ele é o animal. Mais ainda, é o espírito do animal, um demônio aterrador que pratica a circuncisão. Nestas ocasiões ela encarna ou representa o ancestral da tribo e do clã, portanto o próprio deus original. Representa e é o totem animal. Assim, não há engano em vermos figura do homem-animal que dança na caverna de Trois Frères uma espécie de chefe, transformado pelo disfarce em um animal demoníaco”.

“A dança, que originalmente nada mais era que um complemento do disfarce animal, com movimentos e gestos apropriados, foi provavelmente acrescentada à iniciação e a outros ritos. Era, a bem dizer, uma dança de demônios executada em homenagem a um demônio. Na argila macia da caverna Tuc d’Audubert, Herbert Kuhn encontrou sinais de pegadas ao redor das figuras de animais. Mostram que a dança fazia parte dos ritos da Idade Glacial. ‘Só se pode ver a marca dos calcanhares’, escreve Kühn. ‘Os dançarinos moviam-se como bisões. Teriam dançado uma dança de bisões para assegurar a fertilidade e a proliferação dos animais que matariam mais tarde”.

“O motivo animal simboliza habitualmente a natureza primitiva e instintiva do homem. O animal-demônio é um símbolo altamente expressivo deste impulso. O caráter intenso e concreto da imagem permite que o homem e relacione com ela como representativa do poder irresistível que existe dentro dele. E porque a teme procura abrandá-la através de sacrifícios e ritos”.

Assim, a profusão de símbolos animais na religião, na arte, seja através da dança, da pintura, da escultura demonstra o quanto é vital para o homem integrar em sua vida o conteúdo psíquico do símbolo, isto é, o instinto.

“Instintos reprimidos e feridos são os perigos que rondam o homem civilizado; impulsos desenfreados são os piores riscos que ameaçam o homem primitivo. Em ambos os casos o ‘animal’ encontra-se alienado da sua natureza verdadeira; e para ambos a aceitação da alma animal é a condição para alcançar a totalidade e a vida plena. O homem primitivo precisa domar o animal que há dentro dele e torná-lo útil; o homem civilizado precisa cuidar do seu eu para dele fazer um amigo”.

Carl Gustav JUNG, O Homem e seus Símbolos, p. 232.
























































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